Eleição de 2018 mostra que, sozinha, TV não faz milagre

Faltavam quatro dias para começar o horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio, quando o candidato do PSBD à Presidência da República, Geraldo Alckmin, afirmou que não estava preocupado com sua colocação nas pesquisas de intenção de voto, porque somente com a largada da propaganda na TV que a campanha de fato teria início.

Naquele momento, Alckmin tinha 7% das intenções de voto em um cenário sem o ex-presidente Lula, segundo uma pesquisa do Ibope de 20 de agosto. Agora, depois de 20 dias do início do horário eleitoral, o tucano, dono de mais da metade do tempo de propaganda na “telona”, continua com 7%, depois de ter caído dois pontos percentuais em relação à pesquisa Ibope anterior. Segundo o Datafolha desta quinta-feira, Alckmin está estagnado nos mesmos 9% do levantamento anterior.

Faltando cerca de duas semanas para o primeiro turno, muita coisa ainda pode acontecer, mas a expectativa da campanha tucana e de analistas políticos de que a televisão teria papel essencial em alavancar a candidatura de Alckmin parece cada dia mais longe de se concretizar.

“O tempo de televisão sozinho não faz milagre”, afirma o cientista político e pesquisador da FGV, Jairo Pimentel, em entrevista a EXAME. “É preciso também examinar o contexto histórico, desfavorável ao Alckmin desde o início”.

Outro exemplo é o caso de Henrique Meirelles (MDB), que, com 1 minuto e 51 segundos dos 12 minutos e 30 segundos do bloco diário, tem o terceiro maior tempo de televisão. Mesmo com a exposição no horário eleitoral bem maior que os 38 segundos de Ciro Gomes (PDT) e os 9 segundos de Jair Bolsonaro (PSL), atual líder nas pesquisas, o ex-ministro da Fazenda saltou de apenas 1% para 2% nas intenções de voto.

O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), tinha 4% no final de agosto, portanto, antes do início do horário eleitoral e de ele ser oficializado como o candidato do PT. Atualmente, o petista possui 19% das intenções de votos, mas menos por causa do tempo de televisão e mais pela transferência dos votos do ex-presidente Lula, que aparecia com 39% nas pesquisas.

Fonte: Exame

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